HellBoy II - O Exército Dourado
Apesar de Mike Mignola ter criado os personagens, não há nada de mirabolante na história desta sequência. Esta cumpre bem o seu papel de contar a trajetória de sacrifício de um herói, com espaços para conflitos pessoais enquanto existe uma pausa para respirar após a ação, muitíssimo bem executada, diga-se de passagem.

O filme em sua introdução mostra o professor Broom (John Hurt), em um Natal, quando o Vermelhão ainda era um demônio criança. Não querendo dormir e esperar pelo bom velhinho descendo a chaminé, implora ao pai que vai escovar os dentes e cair no sono se uma estória de conto de fadas for dita. É sobre o rei Balor (Roy Dotrice) e sua luta de fantásticos seres (como elfos, goblins...) contra os humanos. Guillermo Del Toro incrementa o suposto conto de fadas com imagens de bonecos para suavizar talvez a violência da batalha e criar a ilusão de que é de fato história infantil. O rei perde a guerra, mas lhe é ofertada a chance de ter um exército indestrutível que posteriormente massacra os oponentes. Mas o guerreiro rei se arrepende e divide a coroa de Bethmoore em três partes. Uma para os humanos e as que sobraram para consigo mesmo, e assim a trégua foi feita.

Voltando ao tempo presente, Liz (Selma Blair) e HB (Ron Perlman) estão juntos, mas nem tudo é o mar de rosas. Vivenciam um constante conflito que testa o relacionamento. Ela quer as louças lavadas e ele só quer saber de beber cerveja ou fumar charutos cubanos, ela organizada e já ele bagunceiro. Como se não bastasse, não agüenta mais estar cativo no Departamento de Pesquisas e Defesa Paranormal. Sempre que pode dá uma escapadinha e acaba aparecendo em vídeos no Youtube. Posa para fotos em parques, dá autógrafo, aparece nas ruas e metrôs. Resultado é dor de cabeça à Tom Manning (Jeffrey Tambor), o diretor do departamento que a todo instante cobre as atividades do local alegando que nada do que dizem e vêem por ai é real. Contrata um novo agente, o alemão Johan Krauss (James Dodd na atuação física e Seth MacFarlane na voz) para vigiar o vermelhão, deixando o último intimidado por ser cool demais entre os agentes.

Ao mesmo tempo, o bureau começa a caçar o príncipe Nuada (Luke Goss), filho de Balor, que não aceita a trégua com os humanos de outrora e quer despertar novamente o exército dourado reunindo as partes da coroa, e sim, dominar o mundo como no início dos tempos.

O mundo descobre a verdade e uma questão filosófica desabrocha. HellBoy não é aceito no mundo em que foi criado, mas também não se sente à vontade em um mundo com criaturas como ele. Isso traz certa consistência ao roteiro, mas o que realmente prenderá mais a atenção é o visual das criaturas, bem como os cenários, típicos de Del Toro. O mercado troll é um exemplo excelente quanto à isso.




É como um tripé na verdade. Uma perna é a ação, a segunda é o visual do filme, e a terceira é o bom humor mesclado ao dilema do herói. Destaque para cena em que HB e Abe Sapien (Doug Jones) estão teorizando sobre mulheres e o amor completamente bêbados! Enquanto que HB fala de sua amada Pirocinética, o peixão azul escuta músicas de amor pensando em Nuala (Anna Walton), a irmã do ‘vilão’ do filme. O que não faltará são chances de uma nova aventura graças ao desfecho e elementos incorporados. É sentar e esperar.
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