Coração de Tinta
Quando pequeno depois de assistir A História Sem Fim, lá naqueles longínquos anos de 1992, perguntava sem parar a minha mãe se ao imaginar um mundo este mesmo podia ser criado como num passo de mágica. Bom, é mais ou menos isso que acontece em Coração de Tinta (Ink Heart) de Iain Softley.

A história é a adaptação do primeiro conto da trilogia de Cornelia Funke sobre um homem chamado Mortimer Folchart (Brendan Fraser), também conhecido como Língua Encantada pelo poder de dar vida a todo conto que lê. Este é mais um filme em que faz um pai de família caricato as voltas de uma aventura além da imaginação. Em outras palavras, filminho com Fraser na Sessão da Tarde, de novo. Corre o mundo atrás da mulher desaparecida, que supostamente adentrou uma das fábulas que lia para a sua filha quando bebê, e um livro misterioso, sempre acompanhado de sua filha solitária e metidinha a esperta Meggie (Eliza Bennett). Mais clichê, impossível.

Mesmo com atrativo para o público infanto-juvenil, o vilão Unicórnio vivido por Andy Serkis (O Gollum da Trilogia Senhor dos Anéis) e o mocinho não economizam no verbo ao dizer que mataram quem for preciso para obter resultados.

O longa é cheio de fantasia e efeitos. Os capangas submissos ao vilão Unicórnio são feios e sujos lembrando um pouco as criaturas de A História Sem Fim. Há grandes nomes no filme como Paul Bettany (O Silas de O Código DaVinci) que interpreta Dustfinger, Hellen Mirren como a tia-avó ranzinza Elinor Loredan (A Rainha) e Jennifer Connely, o interesse amoroso de Bettany no filme – assim como na vida real - que faz uma pontinha dispensável. Nem mesmo assim eles salvam o filme, principalmente ao final quando Mirren montada em um unicórnio e vestida de branco com um espeto para feno à mão, no pior estilo Gandolf, vai tentar salvar Meggie.

Com a sala de cinema com crianças, elas não agüentaram ficar lá, já que saiam correndo em meio à sala de projeção ou bufando e bocejando por ser um marasmo, apesar da miscelânea divertida no conto com O Mágico de Oz, Ali Babá e os 40 Ladrões, Chapeuzinho Vermelho e outros contos populares. Tão sem paciência quantos essas crianças, foi a minha mãe anos atrás ao me responder sem um pingo de calma que é tudo somente um filme e que parasse de encher o saco dela. Coisas da vida real e não conto de fadas.
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