Dez Anos do Sucesso de The Matrix
"Infelizmente não se pode dizer o que é Matrix. Você tem quer ver por si mesmo".

Em comemoração aos dez anos de um dos maiores filmes de ficção-científica já feitos, um texto que tem por intenção promover entre os leitores a discussão do filme Matrix. São muitíssimas e riquíssimas as referências do filme. O que os irmãos Wachoswki fizeram – e brilhantemente – foi juntar de forma coesa vários temas numa só história, embora posteriormente haja mais dois capítulos da cine série que não chegam perto do poço de referências filosóficas do primeiro.

Por se tratar de um tema pra lá de extenso, remeter-me-ei as visões mais tradicionais – até porque é um assunto sem fim, eu sou um só e ninguém agüenta ler por horas páginas na frente de um monitor [risos].

Confesso que eu fui um dos que assistiu pelo menos uma três vezes até entender. Uma coisa é inegável: O filme despertou a curiosidade de muitos. Ao ver logo no inicio da história um grupo de policiais armados até os dentes para deter uma mulher no escuro quarto 303, você se indaga o que ela está realmente fazendo.

“As ordens visavam a sua proteção” diz Smith a um policial. O oficial responde “A gente dá conta de uma mocinha”. Smith olha pasmo aos seus colegas agentes e o policial fala novamente “Eu mandei duas unidades. Eles a estão trazendo.” Por fim, o agente engravatado rebate “Não, tenente, seus homens estão mortos!”


Ela pula, corre pela parede e nocauteia os mesmos policias, e desarmada. Mais a frente quando agentes estão a persegui-la no terraço de prédios abrindo fogo e saltando de forma impossível que a curiosidade aumenta mais. O momento que culmina com a maior das dúvidas é quando Trinity vê a cabine telefônica, ouve o toque e corre desesperadamente para atender a droga de um telefonema quando pode ser esmagada por quilos e quilos de um caminhão em alta velocidade. Daí o espectador bota a mão na cabeça e grita “Que porra é essa, cumpade?!” É ai que me vi fisgado no universo criado chamado Matrix.


ALGUMAS REFERÊNCIAS

Antes de tudo, para um maior aprofundamento recomendo o livro Matrix - Bem Vindo ao Deserto do Real. Caso não encontrem, procurem os sites Omelete.com.br e Jovemnerd.com.br (em seu podcast está disponível um papo de uma hora e meia de duração, hilária por sinal) a qual há informações sobre o assunto esmiuçados competentemente.

A primeira comparação praticamente obrigatória e mais clara é o Mito da Caverna de Platão. A alegoria é uma versão sombria de mundo a qual todos os seres humanos nascem, crescem e morrem numa prisão. Mas estas pessoas não têm ciência de que estão detentas. O mesmo acontece quando Morpheus explica a Neo que seres humanos não mais nascem, mas são cultivados em campos, infinitos campos. Para alimentá-los as máquinas liquefazem os mortos para dar de energia via intravenosa aos vivos.


Na alegoria, há os acorrentados, inertes que estão posicionados em frente a uma parede interna da caverna. Tudo que conhecem são sombras projetas na parede graças a uma fogueira ou luz vinda do exterior da caverna atrás deles. Isso fez com que um desses se indagasse sobre o que de fato via. Certo dia, esse mesmo indivíduo liberta-se dos grilhões e vai além da caverna, dando-se conta de um novo mundo.

Por estar do lado de fora, fica temporariamente com os olhos sensíveis já que nunca os usou, pelo menos não daquela forma, como Neo após ser solto com a ajuda de Morpheus e sua equipe, agora na mesa cirúrgica da nave Nabucodonosor (em claro apontamento ao rei babilônico de mesmo nome responsável pela destruição do Templo de Jerusalém). Na nave há a inscrição Mark III nº11, que é referência ao Evangelho de Marcos 3:11, a qual diz “E quando os espíritos impuros o viam, se jogavam gritando: 'Tu és o Filho de Deus'”. Lá que Neo tem seus músculos e todo o corpo reconstituído.

Aos poucos o homem do conto de Platão tem sua visão normalizada e fica deslumbrado com tudo a sua volta. Era um outro plano de existência. Ele decide voltar e contar a todos sobre o que presenciou embora depois sofresse afrontas. Especificamente neste momento fica clara a defasagem entre dois mundos: O Inteligível – alcançado àqueles que portam da verdade e conhecimento, embora que poucos –, e o Mundo Visível – Tomado como o único, exclusivo e verdadeiro por todos que o habitam na caverna. Seguindo esta linha de raciocínio, Neo encontra nessa primeira descoberta do mundo inteligível o exílio, mesmo se tratando de um mundo dantesco e escatológico. O segundo mundo seria o das aparências, fantasias, é a Matrix.

Mal recebido foi este homem que tenta levar a luz às mentes ainda presas na caverna, já que soa uma verdade absurda. Ora, como VOCÊ reagiria se alguém contasse com todas as forças que sua vida, amigos e feitos são uma pura ilusão? O grau de dependência que VOCÊ tem com tudo aquilo em sua volta o faz negar todas as palavras que te foram proferidas. Negação é o mais básico dos atos humanos.

A personagem de Keanu Reeves encontra tal repressão pelos agentes, seres que guardam esta simulação de realidade neuro-interativa (ou “mundo de sonhos gerado por computador”) chamada de Matrix. O próprio Morpheus adverte que todo aquele dentro do sistema é um inimigo em potencial, já que os agentes podem tomar qualquer um, a qualquer hora e em qualquer lugar. São detentores de todas as chaves de todas as portas para qualquer ponto na matriz.

Neo, na condição de homem desperto, é como Buda diante de homens e mulheres normais e ignorantes. Aliás, o significado da palavra 'Buda' é O DESPERTO. Mas isso será dissertado mais ao final, que é quando Neo tem certeza de quem é, apesar de dúvidas anteriores. A questão é que ele encontra grandioso nível de identidade sabendo que a realidade a qual todos estão tão presos é um véu imposto (na história de Buda isso se relaciona com dêmonio da ilusão, Maya) para que não possam enxergar a real condição: Todos são escravos numa prisão que não podem ver, sentir, ouvir ou cheirar. Uma prisão para a mente com intuito de serem transformados em uma peça, uma bateria, uma pilha descartável. É assim que as máquinas se alimentam, de energia corpórea.

INSPIRAÇÕES
Após a exibição de Matrix em 1999, incontáveis filmes e séries trouxeram referências, imitações porcas e até plágio. Isso se deve a cultura disseminada por The Matrix que lucrou 460 milhões de dólares em bilheteria mundial, além de quatro Oscars por Melhor Montagem, Melhor Som, Melhor Edição de Efeitos Sonoros e Melhor Efeitos Visuais!

Aqueles que pensam que os Wachowski criaram tudo, enganam-se. Como fãs de quadrinhos, ficção-científica, filmes de westerns e kung-fu, etc, migraram todos os seus gostos para essa produção. O Corvo e Cidade das Sombras ambas dirigidas por Alex Proyas, por exemplo, foram uma clara influência na vestimenta e visual gótico e látex. Há elementos no longa metragem egressas do roteiro de animação Ghost in The Shell no que se aplica a relação homem/máquina, a dependencia da tecnologia, desenvolvimento da Inteligência Artificial, a fusão entre o cérebro humano e a máquina – como bem visto quando Neo adentra a um programa de computador pela primeira vez a receber treinamento, graças ao plugue que dá diretamente ao córtex cerebral. A famosa chuva de códigos verde no monitor vista no filme vem diretamente desse anime.

Há a obra Simulacro e Simulação, de 1981, do finado Jean Baudrillard, inserida de forma brilhante quando Thomas Anderson está a negociar um programa de computador com um cliente. Ele abre exatamente este livro que serve como um simulacro, pois apenas se passa por um livro já que a função deste objeto era apenas guardar as muambas comercializadas por Anderson.

O autor descreve em sua mais famosa obra algumas caracteristicas que a imagem sofre: Como refletir uma realidade básica; mascarar e perverter uma realidade básica; que não há qualquer relação com qualquer realidade e se torna o seu próprio simulacro. Tais observações estão intimamente ligadas à Matrix.

Vejamos: Em relação ao primeiro item descrito, Smith diz a Morpheus que antes da atual versão de mundo simulada, houve uma em que a perfeição era dominante. Sem sofrimento, mortes, etc. Foi um tremendo fracasso, e safras inteiras (cultivos humanos) foram perdidas já que ninguem aceitou o programa. Isso talvez porque não houvesse uma linguagem de programação para descrever o mundo perfeito. Mas Smith acredita que a Humanidade define a realidade através de miséria e sofrimento. Daí a Matrix foi refeita no auge da civilização que a conhecemos, com suas falhas, imperfeições, já que são mais verossímeis e tangíveis, completamente aceitáveis. Ou seja, uma realidade básica foi refletida, o auge que os humanos atingiram em 1999.

O mesmo discurso de Smith também se adequa a segunda visão de Baudrillard, já que na Matrix tudo é mascarado e pervertido (entendam perversão como algo corrupto), as coisas são distorcidas. Ele mesmo diz que a civilização dos humanos será agora a civilização controlada pelas máquinas, que humanos são pragas, e eles, os que controlam a matriz, são a cura. “Quando começarmos a pensar pelos humanos, será a nossa civilização” diz Smith. Os agentes podem manipular a 'realidade' – vide a cena em que Anderson quer dar um telefonema após ser preso e sua boca se fecha literalmente, o impedindo de falar. Logo, mascaram e pervertem uma realidade básica.

De certa forma, apesar deste mundo de sonhos ser baseado no mundo que outrora existiu, esta versão simulada não mais tem relação com o Mundo Inteligível, antes citado, e tornou-se seu próprio simulacro, um mundo próprio não mais dependente daquele anteriormente conhecido.

Como bem pincelado, são muitissimas as referencias: Cristianismo, Budismo, Niilismo, Filosofia, pensamentos de René Descartes e o demônio maldoso, Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, Sócrates, Platão, tecnologia, 1984 de George Orwell, cibercultura, computação, fala sobre escolha e esperança, traz pinceladas sobre Alice no País das Maravilhas, filmes de artes marciais e de ação de John Woo e Chow Yun-Fat, westerns...

Podemos encontrar similaridades em outros filmes pela relação sonho/realidade, uso de tecnologia e estado de vigilância como Vanilla Sky, Memento, A Rosa Púpura do Cairo, O Show de Truman, Inimigo do Estado, Equilibrium, O Exterminador do Futuro, O Vingador do Futuro, Johny Mnemonic, Eu, Robô, A Hora do Pesadelo, e muitos mais.


Significado dos Nomes e Curiosidades
Uma coisa intrigante são os nomes e seus significados. A começar por Morpheus, introduzido de forma a relacionarmos com o significado do nome. Morpheus era o filho deus da noite e do sono na Grécia Antiga. Essa figura divina pode proporcionar o repouso necessário ao homem cansado para que esse mesmo possa, por meio dos sonhos, libertar o adormecido de seus pesares. Ele podia tomar qualquer forma no sonho. Quando Neo está deitado esquadrinhando no pc sobre Matrix, é ele (Morpheus) que interrompe seu sonho através da tela de computador. A figura de João Batista também remete-se ao personagem de Laurence Fishburne, já que prepara o escolhido para o caminho a se seguir, além de poder ser também interpretado como uma figura paterna.

Trinity
É relacionada ao número 3, que obviamente vem da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo, ou Brahma, Vishnu e Shiva. É nela quem Neo encontra conforto e ela traz a imagem da Grande Mulher-Mãe.


Cypher
É como Judas, o traidor. Mas seu sufixo 'cypher', lembra a palavra Lúcifer, o anjo decaído que armou contra o domínio de Deus. Assim como Judas traiu Jesus com um beijo, Cypher traiu O Escolhido e seguidores também, e o fez pela vida de glamour que pode ter na matriz, mesmo sabendo que lá, tudo é ilusório. Mas a satisfação será real. Ele negocia com Smith entregar o código para adentrar em Zion e depois ele quer a memória apagada, porque saber da terrivel verdade é um tormento e ser ignorante nunca pareceu ser uma grande bênção. Trocando em miúdos, prazer sem culpa. Como ele pode sentir culpa pelo o que fez se ele não se lembra? Cansado de comer da mesma comida horrivel, de passar frio, de correr pra não morrer, ele desiste da causa nobre de ajudar a libertar os humanos para voltar a viver na ilusão, por ela ser mais doce e agradável.


Uma rápida conversa que Cypher tem com Trinity, pouco antes de puxar o cabo que liga os personagens à Matrix, é sobre liberdade. Ela insiste em dizer que fora do mundo de ilusões, todos estão realmente livres e podem desfrutar da verdade. “Liberdade, chama isto de liberdade?” declara irônico para Trinity. Ele diz de maneira clara que não há liberdade na forma como vivem e que a Matrix é muito mais real e gratificante. Não passa de um personagem que viver somente pelo prazer, mas a vida sem sacrificio não traz o real significado de prazer quando experimentado. O doce jamais será tão doce sem o amargo.

Neo
Thomas Anderson era o típico homem, com um número de seguro social, ajudava a senhoria a tirar o lixo, era infeliz no trabalho. Mas ele sabia que havia algo de errado com o mundo e não dormia noite após noite, querendo desvendar o que havia ao seu redor deixando-o louco.

É no primeiro encontro em uma boate com Trinity, embalada no som de Rob Zombie, descobrindo que não é por Morpheus a quem procura, e sim por uma resposta cuja pergunta é: “O que é Matrix?” Essa indagação está lá como um espeto na mente, ao melhor estilo “Decifra-me Ou Te Devoro!”. Sócrates também compartilhava desse mesmo tormento, ou espeto na mente, e a pergunta que o movia era “O que é a boa vida?”

Neo é o que tem significado mais claro de todos, mas com certeza o não menos emblemático. A palavra significa 'novo', novo homem. Pode-se fazer um jogo de anagramas e encontrar o nome Noé, salvador dos seres vivos da fúria de Deus. Peguemos o nome Thomas Anderson e o separemos. Thomas é menção à Tomás de Aquino. Já Anderson, se quebrarmos a palavra, significa 'filho do homem', a mesma condição que o Redentor estava ao vir para Terra. Andros significa 'homem' e 'son' é filho, logo, filho do homem. Era desta forma que Cristo se autonomenclaturou.

Sua ligação com o Messias é um tanto óbvia por causa do que está destinado a fazer, levar a luz a Humidade. Assim como Cristo, Neo morre e ressucita. E ao final do filme ascende aos céus. Numa versão mais pop, pode-se dizer também que foi uma clara menção ao Superman por sair da cabine, olhar ao alto e sobrevoar a cidade.


A condição de Neo é intrigante já que ele é como Buda, o desperto. Uma das coisas que Morpheus diz a ele é “Acorde, Neo”. No budismo há variadas ramificações, mas a que interessa para entender um pouco o filme é a Tibetana, já que há a figura do Bodhisattva. É uma espécie de pré-buda que abdica da iluminação total para ajudar aos outros seres a se libertarem. Esta é a função de Neo, afinal, ele é o Escolhido, é ele quem trará fim a guerra e libertará os humanos.

O que impede o estado búdico, aquele de verdadeira noção de realidade, é Maya (um demônio criador da ilusão). Sendo assim, Maya tem relação direta com a Matrix que por função ilude a mente humana. Desta forma, a pessoa que acreditar profundamente que pode dissolver a ilusão será Buda, O Desperto. É exatamente isso que Neo faz em sua ressureição. Ele acredita que é o Escolhido e assim se torna quem estava prometido a ser, mesmo o Oráculo tê-lo dito que não. Mas há algumas interpretações para tal.

Vejamos:
Quando Neo dialoga pela primeira vez com o Oráculo, ela lhe mostra uma placa na parede da cozinha. “Temet Nosce”, que significa Conhece-te A Ti Mesmo. Ela diz que ser o Escolhido é como estar apaixonado. Ninguém pode dizer pela pessoa, é apenas uma coisa que se sente com todas as forças e certeza. Mas Neo está em dúvida. Sendo assim, podemos concluir que ele sempre foi o escolhido e só precisava acreditar nisso, passar pelas provações como escolher entre a vida dele próprio ou de Morpheus, como o Oráculo bem profetizou. Ele precisava ouvir que não era para assim se tornar.

A outra forma de interpretação é que somente ao morrer e ressucitar, graças ao beijo da vida ou sopro da vida vindo de Trinity, que ele se tornou de fato o Único. Ela mesma disse que ele não poderia estar morto já que fora profetizado que Trinity se apaixonaria pelo eleito e por isso ele não poderia estar morto. “Cedo ou tarde, Neo, você perceberá que há a diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho” parafraseia Morpheus ao herói acreditando que ele é o salvador.


Ele começa a crer que pode ser o eleito quando finalmente encara Smith na estação de trem, ao estilo western spaghetti de Sergio Leoni. Fica implícita nesta cena as palavras de Morpheus durante a luta que tiveram no treinamento “Não pense que é, seja!”. Isso fica mais refletido ainda quando volta dos mortos e pára as balas ao ar, exergando os códidos verdes a volta. Esta cena pode ser comparada à de Buda (Sidartha Gautama) contra os exércitos de Mara, o senhor das ilusões. Os dardos e flechas atirados por esse exército contra o Buda viraram flores e a ilusão não mais tinha apelo. Para Neo, as balas param ao ar e ele vê tudo como realmenete é: Códigos. Ele não mais achou que poderia ser ou não. Ele só se tornou!

Agente Smith
O visual dos agentes infiltrados é de mesmo look da época do agentes à paisana do governo Nixon. Terno, gravata, óculos escuros e fone ao ouvido. O que é Smith? Segundo o Oráculo, em Revolutions, é o oposto. Enqaunto que Neo é a luz, Smith, em contrapartida, é a sombra, Trevas e sombra. Uma teoria discutida interessantemente é a destruição do agente no terceiro episódio.


“É inevitável” entoa a todo o momento ao herói. Ao final, já sem forças em persistir a lutar contra a tirania imensurável de Smith, Neo concorda e se deixa infectar. Afinal, Anderson estava conectado a máquina mãe, a Matrix, então se deixa 'derrotar'.

Pensemos, meus caros, em uma sala escura e desocupada. Somente em acender uma luz forte ao centro e não haverá espaço para escuridão. De acordo com esta premissa, a derrocada de Smith, que mantinha por filosofia que não havia sentido na vida e que tudo tinha de ter um fim, era nevitável porque não há sombra quando se tem luz. Além do mais, Smith se tornou um programa que fugiu ao controle. Era autônomo e a Matrix não tinha como controlá-lo. No momento em que Neo estava conectado à Matrix e deixou que Smith tomasse seu corpo, a matriz teria controle do agente (que estava inserido em Neo) e logo poderia ser destruído. (Aplausos deste que vos escreve pelo brilhantismo às analogias).

Matrix
Quer dizer 'mãe' e vem da palavra indo-euroéia 'Matr'. É a fêmea com crias. Dentro da Matrix há seres humanos armazeandos como forma de obtenção de energia em casulos rosados que lembram o útero. Útero este que alimenta os vivos via intravenosa e lá são cultivados. Um aspecto contraditório é que a função de um ser maternal é proteger e preparar a sua cria, quando que na trama fica claro o caráter déspota e cruel, oposto ao que se espera de uma matriarca. A função da Matrix se converge aos estudos de Marx sobre o capitalismo. Um bom filme que evidencia isso, de forma sutil e menos apocaliptica quanto a franquia de Neo, é Tempos Moderos de Chaplin.

A relação de exploração, de ver o proletariado como uma simples peça da engrenagem complexa à um sistema maior. Chaplin se torna líder grevista de um sindicato e conhece uma jovem por quem acaba se apaixonando (Neo e Trinity). Ao decorrer da história fica em voga que as idéias subversivas dos operários, que querem derrubar esta ditadura, serão vetadas e de certa forma é do capitalismo que vem todo o conforto e diversão que uma pessoa pode ter. Sem isso serão miseráveis, viveram à margem de tudo. O mesmo ocorre em Matrix. Lá existe todo o conforto e caracateristicas de uma vida, bem diferentes as do mundo real experimentas por Neo, Trinity, Morpheus e sua tripulação.

A ótima história, a cultura em torno dos personagens, as roupas, as lutas e trilha sonora marcante, que vai do metal ao eletrônico, culminou em fãs no mundo inteiro e Matrix entrou pro hall dos melhores filmes do gênero em todo o mundo. Para terminar eu lhe faço a seguinte pergunta: Pare um minuto e pense. Se tivesse um espeto na mente que o incomodasse, até até onde estaria disposto a ir para saber a verdade? Tomaria a pílula azul ou vermelha. Para muitos a resposta já é clara por já se saber o que acontecerá devido a escolha de Thomas Anderson, não importando qual você tome.










1 Response
  1. Anônimo Says:

    Posto esse comentário para comemorar 5 anos de seu post... :)

    Ass.: The_Armofreak