Outrora

Outrora

Lembro-me dos tempos de jogar pelada na rua. De ficar sentado ao asfalto quente esperando por minha vez de entrar em campo e ficar conversando com os amigos. Era sempre assim. Amigos da Rua K e de minha rua. No final do dia, estávamos tão cansados e sujos sentados falando de garotas.

As peladas de domingo eram as melhores. Leandro e sua velha bola eram a alegria da garotada! No final de cada partida Seu Raimundo, pai de Leandro, abria o coração e o bolso para pagar uma rodada de guaraná pra todos. “Mendingão” como chamávamos.

O motivo de escrever isso foi por ver um quadro de um artista chamado Eric Fishcl. Bad Boy o nome de sua obra. Gostei muito da imagem, pois lembra a mim mesmo em determinada época de minha vida... esta que falei. Mesmo período da tão notória descoberta da sexualidade, quando não pensava em nada além de garotas e ficava até tarde pra ver filmes impróprios.

A imagem impacta, mas isto é um juízo de valor. Mas há como não apreciar a beleza e os elementos nesta? A luz entre as persianas fechadas dá idéia de um lugar recluso e quente, na qual fantasias são realizadas sem culpa. Há uma mulher nua deitada em uma posição que mescla sensualidade e o vulgar; uma mesa com frutas que dá idéia de um ambiente comum, exceto por aquele momento; e por último, o garoto com as calças nas mãos, literalmente.

Em uma das várias interpretações que achei sobre esta pintura, uma era o arrependimento de ter se satisfeito e a sensação de culpa. Eu me senti assim a primeira vez que estive com uma mulher. Então, dei-me conta de que o garoto na tela de pintura era eu... na verdade, representa todos que passam por isso. Nada mirabolante o meu pensamento, tenho ciência disso, mas vi uma ligação direta ao que sentia durante este processo de amadurecimento físico e as sensações experimentadas... Aquele elemento novo na vida ainda não desfrutado, a excitação física, a imaginação, as possibilidades de poder desbravar o corpo de uma mulher, etc.

Este eram meus tempos áureos de moleque, de andar descalço, jogar bola, andar com playboy’s escondidas e de traçar na mente o que se queria. Tempos de outrora... tempos de Juninho, Alison, Rodrigo, Adelino, Bruno, Leandro, Lequinho, Tiago, Ricardo, Sandro, Clayton, Zé Carlos e muita molecada reunida pra se divertir e esperar Seu Raimundo com um sorriso no rosto ao dizer “E ai garotinho?” Deus o tenha Raimundo, Deus o tenha.

1 Response
  1. recordo-me muito bem da descoberta dos meus prazeres sexuais

    passava uma bunda na rua eu olhava mesmo.
    e ainda acho q sou um pouco assim

    enfim, acho q ñ é para ter vergonha de nada q se sente. ainda mais se tratando de impulsos carnais