O Procurado
Baseado na obra de Mike Millar e na arte de J.G. Jones, mas que passou por várias mudanças quando adaptada para telona e dirigido por Timur Bekmambetov (de Guardiões da Noite), O Procurado (Wanted) é uma HQ cultuada sobre uma fraternidade de assassinos que existe há mil anos. Seus integrantes acreditam que executando certos elementos na sociedade, poderão restabelecer através do caos a ordem no mundo. Sabem seus alvos através de sinais enviados pelo destino, graças a uma máquina de tear. Cada fio representa um código a ser desvendado com o nome daquele a ser eliminado. Os fios representam a teia da vida, e as falhas na mesma são os erros a serem corrigidos. Um representante da fraternidade Armas do Destino decodifica o nome da pessoa que deve ser morta através do tecido elaborado do tear. Por conseguinte, depois de identificado o alvo, é efetuada a execução a fim de manter o equilíbrio.

Mas vamos por parte. Conheça Wesley Gibson, um contador fracassado, frustrado em seu cubículo a mando de uma chefa arrogante, obesa e caricata. Ele está sempre com seus relatórios a serem entregues fora do prazo. A namorada o cobra mudanças, mas que nada faz para melhorá-las, e o trai com o melhor amigo. É explorado no trabalho, não consegue se libertar da rotina enfadonha e depressiva. Um perfeito otário, com uma vidinha de merda (perdoem o vocabulário). As pessoas tiram proveito dele. Passivo, depressivo, sempre cabisbaixo, pedindo desculpas, tem sérios problemas de auto-estima, medica-se constante e incessantemente quando sente suas homéricas crises de ansiedade. Auto intitula-se o maior mané do século XXI. É como se Peter Parker, o grande nerd, nunca tivesse se tornado o Homem Aranha e tivesse seus problemas da vida cotidiana multiplicados por dez.

O resultado é nítido, o ator James McAvoy (Desejo e Reparação) entregou-se por completo a psique do personagem, especialmente ao vê-lo com seus olhos azuis parecendo saltar de seu crânio e rosto ficando avermelhado. As veias saltam do pescoço e pronto, o vemos em mais um de seus ataques de ansiedade. Acreditem, Wesley odeia a vida que tem, é patético. Mas um dia conhece Fox, personagem de Angelia Jolie (A Lenda de Beowulf). Em uma noite ela conta que ele na verdade é filho de um dos maiores assassinos do mundo que foi morto por um traidor da fraternidade, o segundo maior assassino do mundo chamado Cross, o ator Thomas Kretschmann (Hellboy II – O Exército Dourado). Antes que Fox pudesse entrar em detalhes, o tiroteio na loja de conveniências, revelando o potencial do filme para a ação.

Imediatamente após a toda ação descomunal e incrível, conhece Sloane (Morgan Freeman, imaculável desde sua entonação vocal a postura) o cabeça da Fraternidade. De cara o pede para fazer algo impossível a meros mortais: Atirar nas asas das moscas em uma lixeira, ou será morto! Por mais uma vez, seus batimentos cardíacos disparam intensamente, seu rosto é molhado por suor e por breves segundos tudo parece estar em baixa velocidade. Ele faz o impensável, cumpre a ordem de Sloane e descobre que as crises de ansiedades são mais do que reações fisiológicas e psicológicas. As habilidades sobre-humanas residem no fato de terem sido passadas a ele geneticamente, já que é filho do maior assassino de todos os tempos, e uma das poucas pessoas no planeta a fazer o que pode.

Logicamente não aceita o que vivenciou naquela noite. Em uma narração Em Off, diz que fica aliviado quando tem um sonho ruim e pode acordar deixando aquela sensação ruim para trás. Mas o problema é quando descobre que não foi um sonho. Ao pensar no assunto, dá se conta de que tem uma escolha a fazer, e a faz em um momento crucial, mas que é típico para ele todos os dias... Enquanto está a ser humilhado novamente ao trabalho. É neste momento especial e particular que toma o controle da própria existência, que não tem de passar por aquilo novamente. Foi como Freeman disse. Em Wes há um leão enjaulado pronto para sair e tudo que é necessário é encontrar a chave e abrí-la. Foi como drogar-se pela primeira vez. Sente que pode fazer tudo. É como o efeito de um entorpecente, mas ao invés de ser uma experiência condenatória, que altere os seus sentidos, foi na verdade algo libertador.

Contudo, esta libertação vai lhe custar caro. É treinado pelos membros da Fraternidade e uma vez imerso não há volta. Tudo para assumir o legado do pai indo atrás do segundo maior assassino do mundo, o que matou o pai de Wesley.

Em meio ao seu treinamento, o vemos ser surrado, humilhado, aprende a lutar, disparar um projétil e acertar o alvo através de ângulos impossíveis, e literalmente fazer uma bala dar curvas, não seguindo uma linha reta... Aprende quem realmente é. Há uma busca pela própria identidade.

E assim é a fita, é visceral, adrenalizado, vertiginoso. Apesar dos absurdos, ou da justificativa para estes, agradará pelas cenas de ação, trará identificação com o espectador por fazer de Wesley, que é um cara ordinário, um alguém com controle de situações inacreditavelmente extraordinárias, e dá também uma canjinha mesmo que muito rápida do bum bum de Angelina. O personagem principal assumiu o controle na vida. Mas e você? O que tem feito ultimamente?
2 Responses
  1. Mais uma bela dica!

    Cara, morri de rir com a descrição sobre Wesley Gibson. Putz, que cara idiota... rsrs

    Fiz um post especial falando da historia do Scorpions.
    Quem quiser conferir: http://futebolmusicaetc.blogspot.com


    Abs Efra....


  2. Adorei o filme
    Já tinha lido a sua crítica, foi o que mais me motivou a ir assistí-lo
    Minha namorada também adorou
    Valeu Efra
    Me avise quando tiver a próxima crítca